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Matteo Menapace é Banido do Spiel des Jahres Devido a Símbolo Considerado Antissemita

Em uma declaração de Harald Schrapers, chairman da organização do Spiel des Jahres, um dos maiores prêmios de jogos de tabuleiro do mundo, cuja cerimônia de premiação ocorreu no último domingo, dia 21 de julho (veja aqui), Matteo Menapace foi banido de qualquer evento futuro organizado por eles devido ao mesmo usar um adesivo de melancia como suporte à Palestina durante a cerimônia de entrega do Spiel des Jahres 2024.

Matteo subiu ao palco devido a sua co-autoria de e-Mission (Daybreak em inglês), junto com Matt Leacock, jogo que ganhou o Kennerspiel des Jahres, versão do prêmio para jogos avançados.

O adesivo de melancia que gerou a reação da organização é algo que pode ser encontrado facilmente online, mostrando as cores da bandeira da Palestina (vermelho, preto, branco e verde) e o formato de uma
“grande Palestina” antes da criação do estado de Israel, o que, de acordo com a organização, nega a existência desta e, indiretamente, de um estado judeu, sendo considerado como antissemita.

Um extrato do comunicado de Harald Schrapers, que você pode ler na integra aqui, diz o seguinte:

A Associação Spiel des Jahres vem apoiando a iniciativa “Spielend für Toleranz” há anos e, portanto, assumiu uma posição inequivoca contra todas as formas de racismo e antissemitismo. Consideramos intolerável que um dos autores que convidamos para o evento tenha usado um símbolo em sua roupa que é percebido pelos Judeus como antissemita. Com sua ação, o autor também se comportou de maneira bastante inconveniente para todos os demais envolvidos em seu jogo (autores, editores, editora).

[…] o adesivo excede os limites do que é aceitável como expressão de opinião política. […] Matteo Menapace não é mais bem-vindo em futuros eventos organizados pela Associação Spiel des Jahres.

Embora a decisão da Spiel des Jahres possa ser considerada um tanto extrema, vale lembrar que trata-se de uma decisão vinda de uma organização alemã. Como eu mesmo, que já morei anos na Alemanha posso atestar, devido ao histórico do país, quase qualquer expressão que possa ser considerada, mesmo indiretamente, como antissemita acaba sendo um tema extremamente espinhoso por lá e a primeira reação normalmente é afirmar que o pais é contra qualquer expressão antissemita.

De acordo com uma matéria sobre este assunto da BoardGameWire (veja aqui), o autor alemão Peer Sylvester citou a eles que após o ocorrido, alguns influenciadores apagaram seu conteúdo a respeito de e-Mission devido à suposta negação do direito de Israel de existir, enquanto outras aproveitam para atacar a organização com coisas do tipo “como podem ter deixado isto acontecer”.

Em uma resposta à BoardGameWire e publicada em um blog do autor (veja aqui), Matteo afirmou que ele leva as alegações de antissemitismo da organização da Spiel des Jahres de forma bastante séria e entende o contexto histórico da Alemanha, mas que forçar a interpretação do adesivo como antissemitas é uma distração da realidade de milhares de Palestinos que estão sendo varridos do mapa e estão necessitando de ajuda humanitária e médica. De acordo com seu texto:

Nenhum ser humano ou grupo de pessoas deve ser eliminado devido à sua etnia, religião ou nacionalidade. Espero que todos concordemos com isso.

Todos os seres humanos merecem paz e justiça. Creio que isso não será possível até ao fim daquilo que o Tribunal Internacional de Justiça definiu recentemente como ocupação ilegal. O que podemos fazer, enquanto cidadãos das nações ocidentais, é pressionar os nossos governos para que assumam a responsabilidade pelo seu papel histórico nesta injustiça e para que ponham fim à nossa cumplicidade com o seu financiamento e a sua viabilização de crimes de guerra.

Estas ações e opiniões são inteiramente minhas e não refletem necessariamente as de qualquer outra pessoa envolvida com o Daybreak / e-Mission.


Atualização em 26/07: acrescentada resposta de Matteo à Boardgamewire e complementado com o artido de Matteo em seu blog.

Este post tem 2 comentários

  1. Davi Roque

    Não se trata de antisemitismo. É ser contra um genocídio perpetrado por Israel. Deviam condecorar o designer pela coragem.

    1. romirplayhouse

      O problema é fazer isto na Alemanha, onde quase qualquer tema que possa ser considerado ruim para a comunidade judaica é bem complexo de ser tratado, como citei no texto do artigo.
      Não estou fazendo o julgamento se algum lado estava certo ou errado, simplesmente estou colocando os fatos e dando o cenário em que eles se encontram.

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