No momento, você está visualizando Cards Against Humanity Processa Elon Musk

Cards Against Humanity Processa Elon Musk

Em 2017 a Cards Against Humanity (sim, a empresa responsável pelo jogo de frases politicamente incorretas e humor mais que ácido) criou uma campanha de financiamento não de um jogo de tabuleiro, mas do que ela chamou de Cards Against Humanity Saves America, na qual 150.000 apoiadores pagaram US$15 cada para que a empresa lutasse contra ações do então governo Trump que prometia a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Uma parcela do dinheiro arrecadado foi utilizada para comprar um terreno vago na fronteira com o México e para a contratação de um escritório de advocacia de modo a tornar a pretensa construção do muro “tão demorada e cara quanto possível”.

O terreno foi mantido, segundo a CAH, em seu estado natural e uma carca foi levantada nas suas fronteiras com placas de Não Ultrapasse, mesmo após a administração Trump deixar o cargo para a administração Biden e a história do muro ser coisa do passado (pelo menos por enquanto).

Esta semana, porém, descobrimos que a CAH entrou com um processo contra a SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk (o mesmo Musk do Xwitter), demandando ressarcimentos de US$ 15.000.000 devido à invasão exatamente do mesmo terreno comprado pela CAH em 2017.

Segundo a CAH, a SpaceX invadiu o terreno, utilizando-o como um terreiro de obras e de depósito para suas atividades na fronteira, sem nunca entrar em contato com a CAH para a utilização do mesmo. De acordo com o processo, em tradução livre:

A SpaceX e/ou seus contratados entraram na Propriedade e, depois de erguer postes para marcar a linha da propriedade, passaram a ignorar qualquer distinção baseada na propriedade. A vegetação do local foi removida e o solo foi compactado com cascalho ou outra substância para permitir que a SpaceX e suas empreiteiras rodassem e estacionassem seus veículos por toda a Propriedade. Geradores foram trazidos para fazer funcionar equipamentos e luzes enquanto o trabalho estava sendo realizado. Um enorme monte de cascalho foi descarregado na Propriedade; o cascalho está sendo armazenado e usado para a construção de edifícios pelas empreiteiras da SpaceX ao longo da estrada. Grandes equipamentos de construção e vários veículos relacionados à construção são utilizados e armazenados continuamente na Propriedade. E, é claro, os trabalhadores estão presentes realizando trabalhos de construção e preparando materiais e veículos para trabalhos a serem realizados em outras áreas.

Em suma, a SpaceX tratou a Propriedade como se fosse sua por pelo menos seis meses, sem levar em conta os direitos de propriedade da CAH nem a segurança de qualquer pessoa que entrasse no que se tornou um local de trabalho que, presumivelmente, deveria ser regido pelos requisitos de segurança da OSHA.

Os ressarcimentos demandados pela CAH foram estimados para restaurar a reparar a propriedade, adicionais à perda do valor de mercado da mesma, um preço razoável para a SpaceX ter utilizado o terreno durante este tempo e mais danos à reputação da CAH e perdas pecuniárias.

O processo, que você pode ler na íntegra aqui, contém inclusive fotos do terreno antes e depois da utilização pela SpaceX e suas empreiteiras.

Crédito: CAH – 2017
Crédito: CAH – 2024

Para aumentar a pressão contra o bilionário, a CAH também criou um site específico sobre o tema, que você encontra aqui, segundo o qual, após a SpaceX ter sido contatada sobre o problema, a mesma simplesmente deu um ultimato de 12 horas para que CAH aceitasse uma oferta de menos da metade do preço de mercado do terreno. A resposta da CAH foi:

Vá se foder, Elon Musk. Nós o veremos no tribunal.

Segundo o site, cada um dos 150.000 apoiadores originais do projeto que tornou a compra do terreno possível, caso o processo seja ganho, receberão uma parcela de até US$100 do retorno jurídico advindo.

Cards Against Humanity é, como falei, um jogo de tabuleiro hilário e cheio de humor ácido e politicamente incorreto, bem similar a vários outros do mesmo estilo como, por exemplo, F.D.P. (Buró) ou A Quinta Série que Habita em Nós (Bucaneiros) que, embora possa ser comprado em forma física, sempre esteve completamente disponível para download gratuito no site oficial da empresa, incluindo suas versões especiais (veja aqui).