Você está visualizando atualmente Hans im Glück Processa Empresa Pelo Uso da Palavra “Meeple”

Hans im Glück Processa Empresa Pelo Uso da Palavra “Meeple”

De acordo com um artigo publicado pela BoardGameWire (veja aqui) e, antes dela, pelo podcast Board Games Insider (veja aqui), a Hans im Glück entrou com um processo de “cessar e desistir” contra a até então Cognito Ergo Meeple, empresa inglesa de jogos, e seu jogo Meeple Inc, que estava em financiamento coletivo via Gamefound (veja aqui), devido ao uso da palavra “Meeple”.

A editora Cognito acabou alterando seu nome para Cotswold Games e o nome de seu jogo, que imaginava os jogadores como editoras de jogos, para Tabletop Inc, como resultado deste processo pois, segundo informado pelo BGW e confirmado por pesquisas nos sistemas de marcas registradas, tanto o nome “Meeple” quanto o formato do meeple original usado em Carcassonne, foram patenteados na união europeia e na Alemanha para a Hans im Glück (HiG), editora original do jogo de Klaus-Jurgen Wrede, publicado desde 2000 (no Brasil pela Grow e, hoje, pela Devir).

Embora o formato do Meeple tenha sido inventado pela HiG, a palavra “Meeple” foi, na verdade, criada por Alison Hansel, como uma corruptela de “My People”, e desde de sua criação, começou a ser associada a qualquer tipo de, bem, meeple…
Porém, tanto a palavra quanto o formato só foram patenteados pela Hans im Glück em 2019 (veja aqui).

Como uma “resposta” a este processo, Corey Thompson, um dos proprietários do canal Above Board TV (veja aqui) e co-apresentador do podcast Board Games Insider, que primeiro falou sobre este ocorrido, juntamente com Marian MacBrine, resolveu fazer uma solicitação de registro da palavra “Meeple” nos EUA, pedido que, neste momento, encontra-se pendente de avaliação (sob o número 98576863, na data de 18/06/24). Segundo informações dele para o BGW:

Nós não temos planos de fazer qualquer lucro desta aventura. Eu acredito que decidiremos que qualquer um pode usar nossa marca registrada em troca de créditos e doces.

O efeito colateral disto é que nós pretendemos proteger a marca registrada de ações predatórias. Nós adoraríamos que esta marca fosse usada por qualquer um.

Em contato com a Hans im Glück, eles informaram que, ao longo dos anos, outros processos similares já aconteceram, porém nenhum teve tanta repercussão quanto este. De acordo com o representante Frederic Diebold:

Uma vez que a marca foi registrada, os advogados da Hans im Glück devem legalmente defendê-la quando ficam sabendo de alguém a usando. Isto é feito principalmente para proteger nossa marca Meeple e Carcassonne.

Ainda segundo ele, a HiG não possui o registro de “Meeple” nos EUA e em nenhum outro lugar do mundo fora a União Europeia e a Alemanha e, caso Corey consiga registrá-la, provavelmente deverá defendê-la da mesma forma, ou correr o risco de perder o registro.

A HiG informou que diversas editoras, bloggers, youtubers ou criadores de merchandising já entraram em contato com a empresa sobre o uso da palavra ou da forma e, em todos os casos, foi encontrada uma solução satisfatória para todos, porém, a empresa não pode deixar de agir no caso de um uso dentro da área de abrangência do registro sem o conhecimento ou consentimento dela.

Quando perguntado sobre a marca no Brasil, o representante da HiG informou que, como já citado anteriormente, a marca não está registrada no Brasil, logo, por exemplo, a Meeple BR (com quem a HiG tem, inclusive, contato) pode fazer o que quiser com a palavra “Meeple”, assim como, por exemplo, o jogo Meeple Up!, de Sanderson Virgolino, que foi recém-lançado no Brasil, também não levaria a nenhum problema legal.

Finalizando o contato, Frederic encerra:

Em suma, há muitos mal-entendidos e interpretações errôneas sobre esse tópico sem conhecer o histórico. O artigo da BGW deve ajudar a tornar esta questão um pouco mais clara.