Através de um edital de fomento para trazer conceitos científicos para a população em geral, cientistas de três grandes universidades na Alemanha se juntaram para desenvolver um jogo de tabuleiro que ensina conceitos de física quântica para todos: o projeto QUANTista.
Em conversa com a coordenadora do projeto, a Prof. Dr. Stefanie Kroker, da Techniche Universität Braunschweig, a ideia surgiu justamente quando ela estava pensando sobre como levar estes conceitos, usualmente complexos, de uma forma mais simples e compreensível para população em geral, independente da idade, estado social ou histórico prévio, tentando sair da bolha do círculo de trabalho científico e mostrando que eles não são apenas “cientistas malucos”, mas que as pesquisas realmente criam algo positivo. Deste pensamento surgiu a ideia do QUANTista Projekt, que aborda a criação de um jogo de tabuleiro, ideia que foi aceita pelo Bundesministerium für Bildung und Forschung (o equivalente ao ministério de pesquisa e desenvolvimento brasileiro), garantindo uma verba de EUR 820.000 para seu desenvolvimento.
O projeto em si não é apenas para a criação de um jogo, mas sim, um projeto científico como mandam as regras, incluindo a participação não apenas do QuantumFrontiers, baseado na Technische Universität Braunschweig, onde Kroker atua, mas também professores de física de Sttutgart e o Institut für Ludologie, em Berlin, envolvendo cerca de 12 profissionais, cada um experts em suas áreas áreas de atuação. De acordo com Kroker:
Foi importante trazer diversos profissionais diferentes para o projeto, cada um com sua expertise, porque queremos que o jogo contenha conceitos de todas as áreas de pesquisa.
Mas ainda faltava um componente importante para o projeto: quem iria produzir o projeto e traduzir um tema tão complexo para um jogo acessível, funcional e divertido? Para isto, a Skellig Games, editora alemã de jogos de tabuleiro foi envolvida no projeto e trouxe, junto com ela, Uwe Rosenberg, o conhecido autor alemão de jogos de tabuleiro como Bohnanza ou Agricola, que e atuará como co-autor / desenvolvedor do mesmo.
Embora nós gostemos de jogos de tabuleiro, nós somos cientistas, e não autores de jogos, logo precisamos de mentes criativas que entendam deste mundo lúdico para transcrever nossas ideias em um jogo que não apenas seja funcional, mas também divertido. Por isto trouxemos pessoas do ramo para o projeto.
Todo o projeto, que iniciou em maio deste ano, terá a duração de 36 meses e a Skelig ficará a cargo da produção inicial de 3.000 unidades, as quais serão usadas para demonstrações e feedback em feiras e luderias, de modo a tornar ele um produto não apenas científico, mas também, economicamente viável. As primeiras versões do jogo podem ser esperadas eventualmente para 2025 e, segundo Kroker, se isto for bem sucedido, a Skellig manterá, inclusive, o jogo à venda mesmo após o término do projeto.